Submarinos, equipes e feedback.

 

 

Para descrever o espírito de equipe e a importância do feedback, faço uma analogia com o trabalho em um submarino, onde cada um e responsável por todos e todos responsáveis por cada um.

Em um ambiente onde todas as variáveis necessitam ser estudadas, e controladas, pois são escassas e extremamente limitadas tanto pelo espaço físico como pela dificuldade de obter novos suprimentos no decorrer da viagem.

Quando há um problema todo o cenário deve ser revisto, todos os processos precisam ser redesenhados para que se possa avaliar as alternativas possíveis de forma consciente.

Agora imagine como se estivesse em um submarino, você é o Almirante e é você quem o comanda.

Você determina o destino e a rota que deve ser seguida, mas não pode dirigi-lo sozinho. Então existe uma grande equipe para ajudá-lo.

No mar, submerso ou não, você só pode se guiar por coordenadas, não há navegação visual em submarinos.

Podem aparecer obstáculos grandes como icebergs, imprevistos como tempestades, danos nos equipamentos etc.

Vamos tentar entender agora a importância do feedback e do trabalho em equipe dentro desse cenário.

Como comandante do submarino você deu o destino à sua equipe, determinou o curso e a velocidade a serem seguidos no decorrer da viagem. Você deverá ser informado, sempre, de como está a viagem com relação ao que foi planejado.

Esses relatórios darão informações sobre tudo o que ocorre dentro da nave, isso se chama feedback, com ele você concluirá que decisões precisam ser tomadas, avaliando o tamanho do problema, sua complexidade e os recursos disponíveis.

 

Vejamos alguns exemplos:

Ÿ          Marés Contrárias
Se houve maré contrária, você foi avisado disso (recebeu feedback), e deve tomar uma decisão, entre elas:

Ÿ          Aumentar a força do motor para manter a velocidade programada para o barco chegar no tempo previsto;

Ÿ          Assumir o atraso, não há combustível para imprimir maior velocidade. Racionar suprimentos para que sejam suficientes para todo o percurso.

Ÿ          Obstáculos
No caminho apareceu um iceberg, o operador de radar lhe informa isso. Você precisa mudar o curso da nave para desviar do obstáculo, mas de maneira que não cause grandes atrasos à viagem ou maiores problemas.

Ÿ          Desvios
Aquela maré contrária, lhe avisa o navegador, acabou por desviar a embarcação do curso, e você precisará corrigi-lo.

Cada alternativa precisa ser analisada com relação a todas as outras possibilidades, e disponibilidades de recursos. Isso só poderá ser feito em conjunto com toda a equipe, pois cada um conhece, muito bem, a parte que lhe cabe na condução do submarino e saberá avaliar os reflexos de cada mudança feita, no que estava originalmente planejado.

Agora, traduzindo isso para o dia a dia das empresas:

Ÿ          Não há "marés contrárias" que atrasam o ritmo dos trabalhos?

Ÿ          Não existem "obstáculos" a serem vencidos ou contornados?

Ÿ          Será que o andamento da "viagem" não precisará de correções no curso?

Ÿ          Será que o caminho planejado era realmente o melhor? Que no decorrer da viagem não se percebeu uma alternativa melhor?

Como na nossa viagem de submarino, nos negócios não há navegação visual, portanto, precisamos de mecanismos e de uma equipe que nos diga, o tempo todo, como estamos com relação ao "percurso" planejado. Quais os resultados alcançados em cada atitude tomada. A avaliação dos resultados tem que ser constante e isso envolve a qualidade, e o sucesso do projeto.

Muitas vezes planos "naufragam" por falta de feedback eficaz, o líder do grupo não recebe informações em quantidade e periodicidade necessárias para manter a "embarcação" no ritmo e curso previstos.

O feedback, às vezes, só é dado no final da tarefa, informando se foram bem sucedidos ou não. Quando já não resta o que fazer, não há alternativas possíveis. Sendo, então, a equipe mal sucedida, podemos considerar que o resultado poderia ter sido outro se houvessem feedbacks parciais e constantes, ou seja, que a cada dificuldade ou etapa percorrida, o líder e os demais integrantes fossem informados, por quem está responsável pela tarefa que ela sofreu "desvios de percurso".

Imagine que o Almirante do submarino não tivesse feedback eficaz. Será que ele não teria se atrasado por causa das marés contrárias ou pelo desvio de curso?

E, sem saber que está fora do curso, ou efetuando um longo desvio, deixasse a tripulação sem ar, alimento ou água?

Ou, que sem combustível, ficassem por tempo indeterminado a deriva no mar?

O que aconteceria se ele se chocasse com o iceberg?

E, infelizmente, isso acontece todos os dias nas empresas...

O feedback intermediário é mais importante que o feedback final, é ele que guia a equipe pelo "invisível", garantindo o sucesso do projeto. E ao final de cada etapa, assim como no final do projeto, a equipe deve se reunir e, à luz da experiência adquirida, discutir formas melhores e mais eficazes de se executar as mesmas tarefas ou; fazendo com menos trabalho, em menos tempo e com mais qualidade o que acabaram de fazer aumentando assim, as chances de sucesso.

Mas o feedback não é só importante para quem comanda o grupo, se o "submarino" afundasse, não seria somente o Almirante que morreria, tão pouco morreria somente aquele que "errou”. O que "fez a sua parte"  não se salvaria. E lá dentro do submarino todos sabem disso. Por isso o espírito de equipe é tão forte e tão presente. Por isso cada um é responsável por todos, e todos são responsáveis por cada um.

Lembre-se disso!

A empresa é um grande submarino, e a vida também, não reme contra...

 

 

Gerald Corelli
Consultor